30/08/2022
Ter uma roupa de qualquer cor que não fosse a própria cor do tecido era considerado um luxo durante a maior parte da história da civilização. Obter as tinturas de matérias-primas naturais, sem nenhum conhecimento teórico de química, era uma tarefa complexa – e isso se refletia no preço das peças tingidas.
O pigmento mais caro da Antiguidade, chamado “púrpura tíria”, chegou a valer seu peso em prata (ou até ouro, segundo algumas fontes). O nome vem da cidade de Tíria, no atual território da Líbia, na época dominada pelos fenícios. A fabricação dessa tinta era uma tradição da cidade, e era feita com a secreção leitosa extraída dos caramujos da espécie Murex, natural do Mar Mediterrâneo. Para produzir apenas 1g da tintura, eram necessários cerca de mil animais.
Assim, nenhum país, por mais próspero que fosse, estava disposto a bancar a fabricação de bandeiras na cor roxa. O vestuário nessa cor, não por coincidência, eram a marca registrada da corte romana – e nos tempos de vacas magras, quando Roma já estava em colapso econômico, somente o imperador era autorizado a usá-las. Assim, a cor roxa se tornou um sinônimo de luxo e da realeza nos séculos subsequentes.
Somente no século XIX, quando o químico britânico William Perkin tentava sintetizar uma droga para combater a malária, que a sua mistura com álcool produziu uma substância de tom púrpura. Era 1856 e o primeiro corante roxo sintético era produzido – o roxo começava a ser produzido em massa e qualquer um poderia ter uma peça de roupa nessa cor.
Àquela altura do campeonato, a maioria dos países já havia consolidado seus símbolos nacionais e definido as cores das suas bandeiras – explicando não termos hoje em dia nenhuma bandeira na cor roxa.
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